flores de Melanoxylon brauna
Quase todos aqueles que já andaram por fazendas e sítios, no
Rio de Janeiro e demais estados do Sudeste, escutaram falar nas célebres cercas
feitas com lascas de braúna: esteios
de madeira dita imputrescível, de coloração escura, outrora abundante, nos
domínios da Floresta Atlântica. Hoje, não são mais encontrados, por estarem essas
árvores, ao menos aquelas de porte madeirífero, praticamente extintas na
natureza. Foram exploradas à exaustão, na esteira da abertura das pastagens,
desde o Século XIX, processo que arrasou florestas, além da busca seletiva pela
madeira de lei, naquelas que ainda ficaram de pé.
Os esteios de braúna ainda são encontrados, em velhas
cercas, até hoje, atestando sua dureza e persistência. Mas, nos dias atuais,
utiliza-se, principalmente, a madeira do eucalipto tratado, muito dura também,
embora sem rivalizar com a braúna. Extensos reflorestamentos da madeira
australiana são capazes de suprir a demanda por este tipo de material, com
muito mais eficiência que a nobre árvore nativa brasileira.
Melanoxylon brauna é a identidade
botânica da braúna, que pertence à grande família das fabáceas (antigas
leguminosas) e ainda existe, de forma abundante, mesmo nas florestas
regenerativas, como é o caso daquela que recuperamos, aqui, no Jardim Fitogeográfico (ver postagem - http://orlandograeff.blogspot.com.br/2016/09/quesnelia-arvensis-bromelia-da-floresta.html ). Mas, antes que
você pense que estamos em contradição, por reputá-la extinta, algumas linhas
atrás, deixe-me explicar: assim como os jacarandás-da-bahia, caviúnas e
perobas-de-campos, outras espécies nobres de nossa flora, as braúnas ainda
existem, porém, na forma de árvores jovens, muito ramificadas e sem potencial
de exploração madeireira. Ou seja, a espécie não está extinta; mas o patrimônio
madeireiro sim!
Esta é a situação de uma planta desta espécie, que vive na
floresta do JARDIM FITOGEOGRÁFICO, que representava delgada arvoreta, em 2008,
quando foi iniciada a recuperação da capoeira abandonada, tendo se desenvolvido
esplendidamente, desde então, atingindo mais de dez metros de altura, nos dias
de hoje. Nossa braúna vem se ramificando bastante, espalhando-se e cobrindo boa
área de sub-bosque, que vai igualmente se modificando, mercê de sua sombra.
Acima - nossa braúna, em 2008, quando começamos a reflorestar o JARDIM FITOGEOGRÁFICO
Abaixo - a mesma árvore, atualmente, abrigando algumas de nossas orquídeas e bromélias, em seu tronco
Em nossa braúna, vivem diversas bromélias e orquídeas, todas
elas cultivadas por nós, em seu tronco, cuja casca é bastante áspera e
tolerante a esta função. Como típica árvore decídua (que perde as folhas,
anualmente) da Floresta
Estacional Decidual do Vale do Paraíba, da qual é espécie
característica, Melanoxylon brauna começa
a produzir novas folhas nesta época de primavera, quando aparecem suas pequenas
flores amarelas. Essas flores são muito palatáveis ao ouriço-cacheiro (Coendu
vilosus), aquele roedor tranquilo, mas cujos pelos se armam de
perigosos espinhos, com que nossos cães insistem em encher a boca, levando-nos
a procurar o serviço veterinário de urgência, nas horas e dias mais impróprios.
Acima - ouriço-cacheiro, nos galhos de nossa braúna e - Abaixo - devorando avidamente as flores da árvore
Maravilha este texto sobre a melanoxilon brauna. Muito importante para mim foi uma das fotos tiradas das folhas e das flores que vai me permitir identificar a espécie quando eu estiver andando em alguma trilha. Parabéns ao autor.
ResponderExcluirGrande abraço, muito obrigado, continue firme - José Carlos Amaral
José Carlos14 de janeiro de 2019 03:49
ResponderExcluirMaravilha este texto sobre a melanoxilon brauna. Muito importante para mim foi uma das fotos tiradas das folhas e das flores que vai me permitir identificar a espécie quando eu estiver andando em alguma trilha. Parabéns ao autor.
Grande abraço, muito obrigado, continue firme - José Carlos Amaral