Vriesea rubyae
A seção petropolitana da Serra dos Órgãos é um dos mais
notáveis centros de endemismo do mundo, abrigando populações extremamente
restritas de plantas. Cada segmento de disjunções do maciço possui flora quase
distinta, ao menos no que tange essas espécies raras de orquídeas, bromélias e
outras famílias botânicas de nota.
Desde o Século XIX, naturalistas e coletores de outros
países se embrenharam nas florestas da região, em busca de novidades, fosse
pelo puro amor à ciência, fosse de olho nos lucros que essas plantas rendiam,
nos mercados europeus. No Século XX, esses “mercados” se espalharam da Europa,
para todo o planeta, gerando a cobiça de colecionadores, em todas as partes do
globo, por nossas raridades. Bromélias ganharam moda, na segunda metade do século
que passou, embora sempre tivessem sido procuradas, em nossa flora.
Com essa febre bromeliófila,
surgiu um intenso mercado clandestino, que não se restringia aos lugares
obscuros das cidades, mas também agitava as margens de movimentadas rodovias, como
a BR040, em seu trecho compreendido entre o Rio e Petrópolis. Diversos
vendedores ambulantes exibiam plantas, na beira da estrada, que eram vendidas a
preços vis e, por vezes, se tratavam de espécies ainda não descritas pela
ciência. Veja a postagem de 09 dejaneiro de 2013, que trata do assunto - http://orlandograeff.blogspot.com.br/2013/01/e-se-todos-fizessem-isso-coleta-ou.html
Dessa forma, apareceu Vriesea rubyae, descrita pelo
célebre Edmundo Pereira. A bromélia foi descrita a partir de
exemplares coletados em Petrópolis, local onde ocorre, de forma restrita.
Vriesea rubyae apresenta arquitetura singular em suas
inflorescências, que são recurvadas para baixo, dando a falsa impressão, numa
olhada rápida, de que estejam murchas, embora sejam rijas e bem estruturadas
para emitir flores, exatamente nessa posição única. As brácteas são vermelhas e
brilhantes, com matizes amarelo-alaranjados, coloração bastante usual, nas
bromélias da região. Forma densas touceiras pendentes, através de estolões,
apesar de ser planta bastante lenta, em seu crescimento.
Proveniente dessas plantas que circularam, nas décadas
finais do Século XX, os exemplares da coleção vivem hoje afixados nas árvores
da floresta recuperada do Jardim
Fitogeográfico, de forma similar às suas parentes silvestres, que
não moram longe. Dados de campo dão conta de sua ocorrência, de forma
litofítica, ou seja, rupícola – crescendo diretamente sobre a rocha, modo que
nunca nos foi dado observar.
Acima – exemplares de Vriesea rubyae florescem no Jardim
Fitogeográfico
Nenhum comentário:
Postar um comentário