orquídea Sobralia liliastrum
Quando realizava uma de minhas primeiras expedições pelo
estado da Bahia, na Década de 1990, visitei uma cadeia de montanhas, elevadas
sobre o agreste, em plena transição entre semiárido e zona úmida da Floresta
Atlântica, no topo da qual vegetava a mais densa e úmida floresta, que poderia
ser encontrada. Chamam aquilo, no Nordeste de “brejos de altitude”, sendo que o termo “brejo”, neste
caso, não significa exatamente o que poderia esperar uma pessoa vinda do
Sudeste.
Brejos de altitude, na acepção nordestina, significa uma
área de vegetação úmida, que medra excepcionalmente, em meio às tipologias
xéricas (secas), típicas do perímetro da Caatinga. Em meu livro – FITOGEOGRAFIA DO BRASIL (ver o blog das Expedições Fitogeográficas: http://expedicaofitogeografica2012.blogspot.com.br/2015/10/o-livro-fitogeografia-do-brasil-uma.html ) – tratei dessas vegetações de exceção da
Caatinga, explicando serem relacionadas à condensação adiabática da umidade
trazida do oceano, ou seja, da água que condensa, em maiores altitudes, por
força da pressão atmosférica e baixa temperatura.
No topo daquela serra, não muito distante da região de
Milagres, onde se observam caatingas extremamente secas, pejadas de cactáceas,
observamos dezenas de espécies de bromélias tanque-dependentes; além de
inúmeras orquídeas típicas de zonas úmidas, não apenas da Floresta Atlântica,
mas também da Amazônia. Foi o caso da linda orquídea terrestre de flores alvas Sobralia
liliastrum, da qual foi destacado um propágulo lateral, para posterior
cultivo e identificação.
Na coleção do JARDIM
FITOGEOGRÁFICO, onde o singelo raminho se transformou numa grande
touceira, que floresce todos os anos, entre a primavera e o verão, Sobralia
liliastrum se ambientou esplendidamente, mostrando sua inequívoca
adaptabilidade. Sua presença, nos brejos de altitude da Bahia; somando-se à sua
profusa ocorrência nos altiplanos da Cadeia do Espinhaço (Chapada Diamantina);
à sua presença nos já raros fragmentos de vegetação de restinga, no litoral da
Bahia; e à sua zona central de ocorrência, no coração da Floresta Amazônica,
milhares de quilômetros dali, confirma o que afirmamos no livro FITOGEOGRAFIA DO BRASIL (NAU Editora, 2015), com
respeito às mudanças climáticas do Quaternário.
Sabe-se hoje, não somente em vista do exemplo de Sobralia
liliastrum, mas de várias outras espécies com centro de dispersão
amazônica, que ocorrem nas vegetações do Nordeste Semiárido e do litoral
nordestino e do Sudeste, de forma disjunta, que a Hileia já se estendeu
amplamente, pelo Brasil Oriental, em cima dos sedimentos da Formação Barreiras,
hoje amplamente erodidos e segmentados. É a Botânica, em escala unitária
(nossas plantas queridas), esclarecendo a Geografia de nossas vegetações.
Adiante - a orquídea Sobralia liliastrum, nos campos rupestres (campos entre rochas) da Chapada Diamantina, na Bahia
bOM DIA ORLANDO. ADQUIRI ESSA SOBRALIA HÁ CERCA DE 2 ANOS, MAS ESTA AINDA MUITA PEQUENA E AINDA NÃO FLORIU. EXISTE ALGUM CUIDADO ESPECIAL NO SEU CULTIVO? QUAL O PORTE DA PLANTA E TAMANHO DA FLOR? GOSTARIA DE LER O SEU LIVRO FITOGEOGRAFIA DO BRASIL, COMO ADQUIRI-LO? SAUDAÇÕES PAULO DAMASO.
ResponderExcluirPaulo, a planta gosta de bastante luz, umidade e calor, embora tolere invernos frios, acima do Trópico de Capricórnio. É demorada mesmo e seus florescimentos são escalonados - dificilmente verás uma planta cheia. Adubo foliar - sempre! O livro pode ser comprado pela internet, tanto na Editora NAU, quanto pela Technical Books. Tenho certeza de que gostará.
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