Colibri (Chlorostibon
lucidus) forrageando nas flores da bromélia Dyckia alba, do Rio Grande do Sul, na coleção de plantas do JARDIM
FITOGEOGRÁFICO
Na última postagem do blog (link - http://orlandograeff.blogspot.com.br/2016/12/observando-aves-para-conservar-natureza.html ), relatei sobre a RPPN Graziela Maciel Barroso, contando
um pouco de sua história e de como a OBSERVAÇÃO DE
AVES vem prometendo resgatar as possibilidades de uso público da
unidade. Nesta publicação, resolvi contar um pouco sobre a relação das plantas
do JARDIM FITOGEOGRÁFICO com as
aves. Aliás, há muito mais no projeto destes jardins do que simplesmente a
flora, no que concerne às aves: muitos elementos paisagísticos foram concebidos
para atraí-las.
Sobre o JARDIM FITOGEOGRÁFICO, muito já se falou, aqui no
blog. Numa antiga postagem (link - http://orlandograeff.blogspot.com.br/2012/02/as-origens-do-templo-fitogeografico.html), contei sobre a origem do Jardim Fitogeográfico, que chamava, então, de TEMPLO FITOGEOGRÁFICO. O nome, decidi
muda-lo, para afastar um pouco minha ciência da metafísica, embora as tenha
meio próximas, em meu íntimo. Mas, como sou antes um cientista, nada mais
apropriado que me manter na seara naturalista – JARDIM FITOGEOGRÁFICO acabou
sendo o nome do projeto, desde então.
Acima – imagem-satélite
da área do Jardim Fitogeográfico, em 2007, antes de ser iniciado o projeto
Abaixo – outra imagem
do mesmo local, em 2015, já com as florestas em estágio avançado de recuperação
Acima – Outrora área
aberta, a floresta do Jardim Fitogeográfico contrasta com terrenos lindeiros,
nos quais os gramados dominam
Com a recente visita da equipe técnica do CONSÓRCIO
PASSARINHO, à RPPN Graziela Maciel Barroso, fui também brindado por
uma esticada do grupo, até aqui, no JARDIM FITOGEOGRÁFICO. Tive oportunidade de
mostrar um pouquinho do que venho realizando por aqui, desde 2009: os ambientes
que simulam vegetações campestres ou rochosas, onde são mantidas as
espécies mais afeitas à luz solar direta; a estufa de plantas, onde
mantenho as plantas mais sensíveis e intolerantes especialmente ao frio (que
ocorre aqui em Petrópolis); e, por fim, a floresta recuperada (ver link
- http://orlandograeff.blogspot.com.br/2016/10/a-floresta-recuperada-do-jardim.html), onde a vegetação de floresta
semidecidual se regenera e que abriga grande variedade de plantas
epifíticas (aquelas que vivem agarradas aos galhos e troncos).
O CONSÓRCIO PASSARINHO é responsável pela atualização dos
Planos de Manejo das RPPNs contempladas pelo programa de fortalecimento,
financiado pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). Sua equipe conta
com Biólogos das áreas botânicas e ornitológicas (dedicadas às aves). Sua
visita, na qual avistamos diversas aves, serviu para catalisar meu interesse
pelas aves que aqui frequentam, às quais dedicava não muito mais que minha
curiosidade ocasional. Bem, sendo tão comum o encontro com essas joias
voadoras, no JARDIM FITOGEOGRÁFICO, pensei, nada melhor que realizar um ligeiro
inventário de tudo que já vi pousar por aqui, nos últimos tempos.
Abaixo – a visita do
pessoal do CONSÓRCIO PASSARINHO ao Jardim Fitogeográfico, em dezembro de 2016
Mas, essa coisa do Birdwatching é mesmo um vício e
agora compreendo porque tanta gente se dedica a isso, adquirindo equipamentos
especializados e gastando tanto tempo nas florestas e campos, esperando para
encontrar pássaros e outras aves, que abundam no Brasil. Temos tudo para
brindar os aficionados com avistamentos, seja em áreas silvestres, ou até
urbanas. Minha amiga Inêz Raguenet,
que reside em Curitiba, numa área bastante central, tem conseguido esplêndidos
resultados, numa área aos fundos de sua residência, de onde despacha fotos e
vídeos das aves que lhe visitam a casa. Aqui, no JARDIM FITOGEOGRÁFICO, minha
catalogação preliminar apontou nada menos que SESSENTA E TRÊS ESPÉCIES, sem contar algumas outras que foram
expurgadas da lista (como os urubus e andorinhas), além de muitas que ainda não
consegui identificar.
Quando elaborei o projeto paisagístico da residência, que
abriga o JARDIM FITOGEOGRÁFICO (ou vice-versa!), inseri diversas espécies de
árvores e plantas, na ambientação, que eram atrativas de aves. A coleção de bromélias e orquídeas, por si somente, já é especialmente relacionável aos
pássaros, que lhes visitam para polinizar e comer frutos (dos quais carregam as
preciosas sementes). Mas, não deixei de inserir elementos físicos dedicados às
aves: a Fonte da Musa,
por exemplo, foi criteriosamente planejada para receber as aves, para seus
necessários banhos, quando fazem sua higiene e refazem sua proteção oleosa das
penas. Com um espelho d’água suspenso, com 5cm de profundidade, a Fonte da Musa
permite o banho seguro de todos os pássaros, embora muitos prefiram se lavar na
bacia que a musa segura, sobre seu ventre desnudo e de onde verte água, dia e
noite.
Acima – desenho que
originou o lago da Fonte da Musa
Abaixo – aspecto da
Fonte da Musa, inserida no cenário local
Acima – canário-da-terra
se banha na Fonte da Musa
A Seguir – “praia”
congestionada, nos horários de grande movimento
Já tivemos ocasião, na qual DEZ ESPÉCIES de pássaros aguardavam a vez, para se banhar na Fonte
da Musa (fora o número de aves, dentro de cada espécie!). Há outros lagos, além
da floresta, que hoje atrai espécies silvestres, que não se arriscam fora dela.
O CONSÓRCIO PASSARINHO e seus integrantes conseguiram aliciar mais um
observador de aves, pois parece mesmo ser caminho sem volta. A RPPN Graziela
Maciel Barroso conta com florestas de altitude, muito bem conservadas, onde
torço muito para que seja implantado sistema de trilhas e refúgios apropriado.
Mas, percebi uma coisa a mais, que se promete bastante importante, para a
conservação da natureza, no local: o
desesnvolvimento de outros “jardins fitogeográficos”, ou projetos similares, em
residências e terrenos ociosos, servirá para incrementar imensamente a avifauna
de Petrópolis, integrando-se ao manejo da RPPN.
A Seguir – ninho com
ovos, no JARDIM FITOGEOGRÁFICO
Acima – filhotes do
colibri besourinho-de-bico-vermelho (Chlorostibon lucidus), no Jardim
Fitogeográfico
Sonho ambicioso? Não creio. Pelo que aprendi, depois da
visita do CONSÓRCIO PASSARINHO, não há caminho mais producente para reaproximar
os homens da natureza, que observando suas aves tão variadas, belas e canoras!
Viva o Birdwatching! Viva a RPPN Graziela Maciel Barroso! Viva o JARDIM FITOGEOGRÁFICO!
A Seguir – flagrantes
da bela e já rara águia-cinzenta (Urubitinga coronata) realizando
sobrevoo do JARDIM FITOGEOGRÁFICO. Essa ave ameaçada já deu ares de sua graça em
ao menos duas ocasiões
joão-de-barro
Acima – o
joão-de-barro (Furnarius rufus)é o pássaro mais respeitado, no Jardim
Fitogeográfico, a despeito de seu porte: quando se zanga, põe todos os demais a
voar para longe
Acima – sabiá-do-campo
(Mimus
saturninus) forrageando num camboatá (Cupania vernalis), na floresta recuperada
Acima – desenho da
cambacica (Coereba flaveola), comum em nossos jardins, que compete
lateralmente com os colibris, pelo néctar e insetos das flores
Acima – os arapaçus
(família Dendrocolaptidae) são
difíceis de identificar corretamente, embora diversos deles frequentem a
floresta recuperada, em busca de insetos, nas cascas das árvores
A Seguir – os chopins
(Gnorimopsar
chopi) chegam aos bandos, entre a primavera e o verão, deliciando-nos
com seu canto melodioso e suas peripécias, no Jardim Fitogeográfico
Acima – jacu (Penelope
obscura) devorando frutinhos de camboatá, na floresta recuperada
Abaixo – maracanã (Primolius
maracana), também a procura de camboatás
Acima – sabiá-laranjeira
(Turdus
rufiventris), sobre a Musa, após o banho
Acima - sabiá-poca (Turdus amaurochalinus) sobre Vitex magapotamica, na floresta recuperada
Abaixo - vista do setor de vegetações abertas do JARDIM FITOGEOGRÁFICO, com as montanhas da RPPN Graziela Maciel Barroso ao fundo