Quesnelia testudo "variegata"
Dias de belas plantas, na coleção do JARDIM FITOGEOGRÁFICO, dias de lembrar dos bons amigos,
que partilham de nosso gosto pelas matérias da natureza, que tanto contribuem
para nosso engrandecimento intelectual. Não sou muito competitivo, em minha
vida intelectual, pelo contrário, acredito piamente no coletivo cultural: não seria nada, na Botânica, quiçá na vida, não
fossem amigos, colegas, professores e autores. Dos amigos, vieram plantas,
ensinamentos, lembranças...
A boa lembrança de hoje é de meu eterno presidente da Sociedade
Brasileira de Bromélias – SBBr, daquele que foi seu cocheiro
principal, desde sua criação, nos anos 1990, tendo dedicado boa parte de sua
existência ao conhecimento, à divulgação e, principalmente, à CONSERVAÇÃO
dessas lindas plantas: LUIZ FELIPE
NEVARES DE CARVALHO.
Sob sua presidência da memorável entidade, fui Diretor de
Conservação, no final dos anos noventa; sob sua orientação e a partir de sua
sabedoria e seus conselhos, fui Presidente, entre 2001 e 2003. Experiência que
marcou minha vida e me legou amizades incríveis, dentre as quais a sua própria,
que durou muitos anos, até sua passagem, poucos anos atrás.
Numa das inúmeras visitas à sua esplêndida coleção de
bromélias, talvez a melhor do planeta, em Petrópolis, fui agraciado com um belo
presente: Quesnelia testudo forma “variegata”. Nesta época do ano,
diversas plantas deste gênero florescem, tendo já sido aqui no blog apresentada
Quesnelia arvensis, planta
relativamente frequente, na Floresta Atlântica do Sudeste (veja postagem - http://orlandograeff.blogspot.com.br/2016/09/quesnelia-arvensis-bromelia-da-floresta.html ).
Quesnelia testudo é planta que ocorre na floresta litorânea e
de encosta atlântica, nos estados de São Paulo e Paraná, que ainda conservam
extensa reserva de matas, nesta faixa. Sua forma “variegata” foi selecionada em cultivo, muitos anos atrás, e
representa belo clone, que mantenho na floresta recuperada do JARDIM FITOGEOGRÁFICO. A variegação, que é o surgimento de
folhas matizadas de “branco” (na verdade, uma clorose, ou falha de pigmentação
de clorofila), pode ser devida a mudanças fisiológicas, ou até mesmo a alguns
vírus que convivem com as plantas.
Nas bromélias, o fenômeno é pouco explicado, mas pode atingir
somente alguns ramos, sem chegar a afetar toda a planta. Na nossa coleção,
temos algumas espécies de plantas que vieram variegadas, tendo originado
frentes sem variegação e, por conseguinte, exemplares definitivamente
destituídos da síndrome.
Passeando pelos caminhos da floresta recuperada do JARDIM
FITOGEOGRÁFICO, não deixo de me alegrar, nestes dias, ao passar por Quesnelia
testudo “variegata” e lembrar do bom amigo Luiz Felipe Nevares de Carvalho.
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