domingo, 2 de outubro de 2016

PLANTAS DO JARDIM FITOGEOGRÁFICO – NEVARES DE CARVALHO E QUESNELIA TESTUDO


Quesnelia testudo "variegata"

Dias de belas plantas, na coleção do JARDIM FITOGEOGRÁFICO, dias de lembrar dos bons amigos, que partilham de nosso gosto pelas matérias da natureza, que tanto contribuem para nosso engrandecimento intelectual. Não sou muito competitivo, em minha vida intelectual, pelo contrário, acredito piamente no coletivo cultural: não seria nada, na Botânica, quiçá na vida, não fossem amigos, colegas, professores e autores. Dos amigos, vieram plantas, ensinamentos, lembranças...

A boa lembrança de hoje é de meu eterno presidente da Sociedade Brasileira de Bromélias – SBBr, daquele que foi seu cocheiro principal, desde sua criação, nos anos 1990, tendo dedicado boa parte de sua existência ao conhecimento, à divulgação e, principalmente, à CONSERVAÇÃO dessas lindas plantas: LUIZ FELIPE NEVARES DE CARVALHO.

Sob sua presidência da memorável entidade, fui Diretor de Conservação, no final dos anos noventa; sob sua orientação e a partir de sua sabedoria e seus conselhos, fui Presidente, entre 2001 e 2003. Experiência que marcou minha vida e me legou amizades incríveis, dentre as quais a sua própria, que durou muitos anos, até sua passagem, poucos anos atrás.

Numa das inúmeras visitas à sua esplêndida coleção de bromélias, talvez a melhor do planeta, em Petrópolis, fui agraciado com um belo presente: Quesnelia testudo forma “variegata”. Nesta época do ano, diversas plantas deste gênero florescem, tendo já sido aqui no blog apresentada Quesnelia arvensis, planta relativamente frequente, na Floresta Atlântica do Sudeste (veja postagem - http://orlandograeff.blogspot.com.br/2016/09/quesnelia-arvensis-bromelia-da-floresta.html ).

Quesnelia testudo é planta que ocorre na floresta litorânea e de encosta atlântica, nos estados de São Paulo e Paraná, que ainda conservam extensa reserva de matas, nesta faixa. Sua forma “variegata” foi selecionada em cultivo, muitos anos atrás, e representa belo clone, que mantenho na floresta recuperada do JARDIM FITOGEOGRÁFICO. A variegação, que é o surgimento de folhas matizadas de “branco” (na verdade, uma clorose, ou falha de pigmentação de clorofila), pode ser devida a mudanças fisiológicas, ou até mesmo a alguns vírus que convivem com as plantas.

Nas bromélias, o fenômeno é pouco explicado, mas pode atingir somente alguns ramos, sem chegar a afetar toda a planta. Na nossa coleção, temos algumas espécies de plantas que vieram variegadas, tendo originado frentes sem variegação e, por conseguinte, exemplares definitivamente destituídos da síndrome.


Passeando pelos caminhos da floresta recuperada do JARDIM FITOGEOGRÁFICO, não deixo de me alegrar, nestes dias, ao passar por Quesnelia testudovariegata” e lembrar do bom amigo Luiz Felipe Nevares de Carvalho

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