quinta-feira, 29 de setembro de 2016

PLANTAS DO JARDIM FITOGEOGRÁFICO – VRIESEA RUBYAE



Vriesea rubyae

A seção petropolitana da Serra dos Órgãos é um dos mais notáveis centros de endemismo do mundo, abrigando populações extremamente restritas de plantas. Cada segmento de disjunções do maciço possui flora quase distinta, ao menos no que tange essas espécies raras de orquídeas, bromélias e outras famílias botânicas de nota.

Desde o Século XIX, naturalistas e coletores de outros países se embrenharam nas florestas da região, em busca de novidades, fosse pelo puro amor à ciência, fosse de olho nos lucros que essas plantas rendiam, nos mercados europeus. No Século XX, esses “mercados” se espalharam da Europa, para todo o planeta, gerando a cobiça de colecionadores, em todas as partes do globo, por nossas raridades. Bromélias ganharam moda, na segunda metade do século que passou, embora sempre tivessem sido procuradas, em nossa flora.

Com essa febre bromeliófila, surgiu um intenso mercado clandestino, que não se restringia aos lugares obscuros das cidades, mas também agitava as margens de movimentadas rodovias, como a BR040, em seu trecho compreendido entre o Rio e Petrópolis. Diversos vendedores ambulantes exibiam plantas, na beira da estrada, que eram vendidas a preços vis e, por vezes, se tratavam de espécies ainda não descritas pela ciência. Veja a postagem de 09 dejaneiro de 2013, que trata do assunto - http://orlandograeff.blogspot.com.br/2013/01/e-se-todos-fizessem-isso-coleta-ou.html

Dessa forma, apareceu Vriesea rubyae, descrita pelo célebre Edmundo Pereira. A bromélia foi descrita a partir de exemplares coletados em Petrópolis, local onde ocorre, de forma restrita.
Vriesea rubyae apresenta arquitetura singular em suas inflorescências, que são recurvadas para baixo, dando a falsa impressão, numa olhada rápida, de que estejam murchas, embora sejam rijas e bem estruturadas para emitir flores, exatamente nessa posição única. As brácteas são vermelhas e brilhantes, com matizes amarelo-alaranjados, coloração bastante usual, nas bromélias da região. Forma densas touceiras pendentes, através de estolões, apesar de ser planta bastante lenta, em seu crescimento.

Proveniente dessas plantas que circularam, nas décadas finais do Século XX, os exemplares da coleção vivem hoje afixados nas árvores da floresta recuperada do Jardim Fitogeográfico, de forma similar às suas parentes silvestres, que não moram longe. Dados de campo dão conta de sua ocorrência, de forma litofítica, ou seja, rupícola – crescendo diretamente sobre a rocha, modo que nunca nos foi dado observar.

Acima – exemplares de Vriesea rubyae florescem no Jardim Fitogeográfico

Nenhum comentário:

Postar um comentário