Do outono para o inverno, surgem paisagens que não costumamos ver, durante outras épocas do ano, em Itaipava. Não que as demais estações do ano não tenham seu charme próprio, claro que não! Mas, nesta época, os cenários ganham uma tonalidade esmaecida, conferida pela constante condensação da umidade, guardada durante as épocas chuvosas, o que acontece mais nas madrugadas frias e daí para as primeiras horas da manhã, resulta em brumas suaves, que realçam as cores da paisagem. Entremeando-se entre vales anfractuosos, em meio às escarpas elevadas das altas serras, essa névoa tênue nos permite entender as verdadeiras formas dessas montanhas elevadas, além de lhes emprestar coloração suavemente azulada. É comum que exclamemos, frente a tão belos espetáculos: Eu nunca havia percebido aquela montanha, que agora vejo ali, na frente daquela outra, mais alta. Essas revelações de início de inverno, na verdade, são apenas parte do que podemos ver de bom, em Itaipava, nesta época do ano, mas também em tantas outras estações.
Acordando cedo, todos os dias, aí pelas 6:00h ou pouco depois, costumo iniciar meu dia com uma conferida nos jardins de minha casa, sendo cumprimentado invariavelmente pelos ansiosos pastores-alemães, que contam os minutos, até nossa aparição. Tem que ter roupa própria para isso – e tenho – daquelas mais surradas, para aguentarem a alegria da bicharada, depois de toda uma noite de expectativas pelos donos adorados. Vale à pena! Uma conferida no termômetro, quase sempre nos informará que a manhã se inicia com algo em torno dos 10oC, o que desperta ainda mais fome. Ah, o café da manhã: Pães quentinhos, da Padaria de Bonsucesso, alguns dos melhores do país, me acreditem, ou mesmo o famoso pão integral do Luiz. Mas, espere aí! Se é para falar das boas coisas de Petrópolis e Itaipava, não posso deixar de citar o pão do Sítio do Moinho, do grande Dick Thompson, figura inesquecível que abandonou o Rio, para fazer por aqui um monte de coisas de que gostava e que faz como ninguém: Verduras orgânicas, conservas e massas pré-prontas para você terminar de preparar na sua própria casa, com gostinho de home-made.
Café da manhã de Itaipava também é cheio de frutas de excelente qualidade, adquiridas no mesmo lugar em que encontramos as coisas deliciosas do Sítio do Moinho – Hortomercado de Itaipava. O lugar tem seu charme, não somente por que encontramos nele tudo de bom para nossas mesas esfomeadas de inverno, mas por que também achamos nossos amigos, com suas bolsas reutilizáveis, correndo atrás das mesmas coisas que nós, ou simplesmente comendo pastel no boteco do Horto, tomando uma cerveja gelada – coisa perfeitamente possível, no clima da região, depois das 10:00h, quando o sol domina o dia. Na divertida fila da banca do Fernando, que acaba se organizando sozinha, todo mundo meio entreverado, encontramos artistas de televisão, escritores, jornalistas famosos e toda sorte de gente interessante, que aguarda sua vez para comprar os melhores itens do Rio de Janeiro: patês, requeijões, pães (inclusive do Sítio do Moinho), frios e especialidades. Do Hortomercado de Itaipava, você sairá invariavelmente sequioso por um bom rótulo de vinho, pois a coisa fica prometendo, com tantas delícias na bolsa.
Achou que não ia encontrar bons vinhos em Itaipava? Bem, afinal, é final de semana, deve estar tudo fechado... Qual nada! Seu passeio está apenas começando, pois falta você dar uma conferida nos diversos endereços, nos quais você se surpreenderá com a diversidade de excelentes marcas, de todas as origens do Planeta: Sem que isso signifique uma ordem da minha preferência, posso citar o Ailton e seus filhos, no Shopping Altair, lugarzinho que a gente se sente na casa dos amigos; o Ari de Araras – que agora tem sua filial chiquérrima, no Shopping Estação – com excelentes rótulos até do Brasil; ou tem o sofisticado Lidador, no Shopping Arcadia. Alguém poderia logo indagar: “Mas isso tudo deve ter ocasionado longos deslocamentos”. Afinal, são tantos lugares a visitar, antes de voltar pra casa. Qual nada! Tudo isso acontece em pouco mais do que quatro quilômetros, nos quais existem tantas outras coisas incríveis, que você não encontrará, certamente, tempo bastante para conferir, num final de semana somente. Mas, já que andamos “tanto”, terminando as compras no Shopping Arcadia, com uma garrafa de bom chileno nas mãos, que tal comer ali mesmo, antes de voltar para nosso esconderijo nas montanhas?
Pois será neste shopping Arcadia mesmo que você encontrará uma comida simplesmente inacreditável: Pimenteira Imperial... é o nome dos restaurante. Mas, espera aí! Nós de Itaipava o conhecemos mesmo por: Marquinhos! É, Marquinhos é o restauranteur que conduz este “quilo” gastronômico, em Itaipava. Não conheço outra pessoa com o talento dele para transformar um restaurante ao quilo num semelhante festim de delírio gastronômico, verdadeira “Festa de Babete”, se você não tomar cuidado e fechar um pouco a boca. O mais interessante disso tudo é que o Marquinhos é nosso colega de malhação, no Itaipava Gym, assim como outros talentosos profissionais que abundam em Itaipava. É isso: Em Itaipava, você convive com as pessoas que estão por trás dos excelentes negócios, que marcam a região. Alguns deles, sequer possuem um endereço notável, pois não dão conta de atender às encomendas e solicitações feitas pelos conhecidos, amigos, pessoas que te vêem, pelas ruas, como jamais aconteceria no Rio ou qualquer outra grande metrópole.
Poderia encher essa página de exemplos disso: A Luciana, que faz os melhores doces e tortas que alguém poderá ter provado; O Ademar e a Tereza, que são dois dos melhores veterinários de cavalos de raça que alguém encontraria – Aliás, nem vou começar a falar em cavalos, que mereceriam capítulo próprio, em Itaipava – Melhor nem recomeçar a listar as coisas boas de Itaipava. Melhor me concentrar neste fato notável: Tudo isso está ali, na sua frente, na maior naturalidade, sem salamaleques ou formalidades. Tem um amigo que fala: “Em Petrópolis, se você fechar os olhos e apalpar, não terá erro: É comadre ou é compadre!” É isso, você é um ser humano por aqui, não meramente um cartão de visita, um folder ou anúncio nalguma placa.
Pois é, sentado próximo à janela de minha casa, olhando a deslumbrante Serra da Maria Comprida, bem na minha frente, num dia desses, de início de inverno, convenço-me de uma coisa importante, para um sujeito chato como eu: Reclamar de autoridades que tratam tão mal um lugar perfeito como esse é um direito... é uma OBRIGAÇÃO! Cheguei a pensar que não tinha nem esse direito e nem essa obrigação e que estava ficando ranzinza e de mal com a vida. Qual nada! Se fosse assim, eu não estaria honrando tanta coisa boa que Itaipava e Petrópolis têm para me oferecer, deixando que estraguem tudo isso, em nome da mediocridade de alguns – MUITOS – gestores públicos. Sigo em frente, chato como na primavera e no verão, mas deliciosamente envolto por essa inigualável paisagem da Região Serrana do Rio de Janeiro.
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